O que será Cuba além dos clichês que nos chegam? Ou será que os clichês são um retrato da realidade?
E Cuba, como anda?
Uma vez, mais ou menos em 2006, fui a uma palestra de um designer cubano (David Alfonso Suarez - “Design 100% Cubano”,) e foi incrivelmente sedutor ver como ele descrevia o modo de criar em Cuba. Cartazes pequenos, serigrafia, um ou duas cores.
(Mas almejamos isso em algum momento ou era atraente apenas porque soava irreal e poético?)
E agora, depois de algum tempo e, frente a frente com uma excelente campanha do Run Havana Club, voltei a pensar em como Cuba é, como era, como pretender ser...
A Havana Club é uma das únicas marcas internacionais que existe em Cuba e 50% da empresa pertence ao governo:
TRECHO ENTREVISTA AD AGE
Ad Age: Existem outras marcas além de Cuba Havana Club?
Yves Schladenhaugen: Somos a única marca cubana com alcance global. Há também Cohiba, mas o mercado dos charutos é mais de nicho. A Cohiba não faz grandescampanhas publicitárias..
... Em Cuba, a publicidade do Run Havana só é possível em pontos de venda e nos freeshops, nas ruas não há publicidade alguma.
Yves Schladenhaugen é diretor de marketing da marca, francês e vive etrabalha em Cuba há três anos.
Deve ser por isso que nossos carros duram tanto”
Veiculada com um mix completíssimo de mídia tipicamente capitalista, a campanha defende um conceito que, de acordo com o diretor Geral da Havana Club International SA - Marc Beuve-Méry, “destaca a informalidade, paixão e generosidade da cidade”.
Sem saber ainda se esse fragmento do nosso (ou meu) imaginário romântico de Cuba é real ou não, a Havana Club vende um povo exótico, alheio aos problemas de choques de culturas e identidade.
Por agora, ainda continuo buscando algo mais real de Cuba.
Há apostas por todo lado que afirmam que os cubanos desejam ver imagens aspiracionais e distantes da realidade, assim como qualquer um que cresceu imerso ao capitalismo. Será?
Para complementar: “ O presidente da DDB Latina, Juan Carlos Ortiz, colombiano que cursou cinema em Cuba, escreveu o seguinte em sua obra “Cortos”: “Com relação ao resto do planeta, o marketing flui de maneira inversamente proporcional em Cuba. No mundo todo, as pessoas estão sempre interligadas e avançam como uma coletividade, desbravando um espaço que se tornar cada vez mais interativo. Em Cuba, a distância, o silêncio e o isolamento do indivíduo são prioridades, garantindo que a ilha se feche cada vez mais".
Entrevista completa com Yves Schladenhaugen no Ad Ages e versão traduzida na Meio & Mensage
obs.: muito interessante ver a imagens da campanha tomarem vida em micro vídeos disponíveis no site na marca.
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